sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Torre

Fim de tarde. Na casa da minha vizinha Zenith. Precisamente na cozinha.
Conversavamos sobre minha "nova futura aquisição", um carinha que todo os dias de tarde faz questão de jogar futebol na porta da minha casa.

Zenith:
Porra Diego, me poupe, menino feio do caralho, onde é que tu viu beleza nisso?

Eu:
Aiin, ele é muitoo fofo, olha, todo magrinho, com rostinho de menino virgem, e é muito altoo caraa.Gentee eu me acabo com esse meninoo.

Zenith:
Credo. Amigo, desculpa. mais vc caiu no meu conceito. Vc já pegou coisa melhor.

Eu:
Te fuder..

Zenith:
E vem cá, cade Ele? Já esqueceu? Tão rápido...

De onde estou viro para a porta da cozinha de onde tenho uma visão parcial da torre. O crepusculo a deixou meio rosada. Sinto um aperto no peito. Sei láh. Tva meio que esperando essa pergunta dela. Me viro e respondo.

Eu:
Não Z, não esqueci. Não tem como esquecer. Todo dia, a cada momento eu penso Nele. Ele é a ultima pessoa que vem á minha cabeça antes de dormir e a primeira quando eu acordo. Às vezes levando da cama, sei lá, "feliz" imaginando que sairei na porta e vou olhar Ele sorrindo para mim do final da rua. Mais a realidade grita e só o que vejo é um muro grande e um portão fechado protegendo essa maldita torre. Pq Ele não tá aqui. Me conformo em apenas lembrar do sorriso Dele, do olhar, do cheiro. do semblante.. Mais a presença Dele é muito forte ainda, e me acompanha em qualquer coisa que eu faça, de um simples acender de um cigarro à tomar um copo de água. Ele não tá aqui perto, tá em outro estado, com a família Dele, com a mulher Dele.
E é aí que táh. Aí eu te digo..
Eu não posso ficar sentado esperando e vendo a minha vida inteira passar pela minha frente, amarrado à uma promessa indefinida. Ele está lá, mais Ele não está sozinho. E eu? Tenho que ficar aqui na merda?
Desculpa, eu amo Ele, mais eu tenho que aprender a me amar mais pois só assim eu me sinto melhor.
E eu to afim daquele menino da rua e ele que se cuide pois não dou uma semana pra ele estar correndo atraz de mim.

Zenith ri, e concorda.

Tarde da noite, sentado no escuro , fumando um cigarro no jardim da minha casa. Penso Nele. Jáh não sinto tanta dor, mais é difícil superar. Seguro as lagrimas. Elas que voltem em outro dia. Ao longe a torre me encara, estática, como se zombasse de mim, no ar frio da noite.

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